sábado, 31 de janeiro de 2009

Entrevista com DORA INCONTRI concedida a revista O MENSAGEIRO

DORA INCONTRI – A jornalista e escritora Dora Incontri que lançou no final de 1996 o livro Pestalozzi, Educação e Ética. Incontri cursou o doutorado na Universidade de São Paulo - USP com o tema "Pedagogia Espírita", é autora dos livros: Educação na Nova Era e Estação Terra, além de livros de poesias. Dora também ministra o curso de Pedagogia Espírita, na Feesp.

P: – Qual é a relação entre a Doutrina Espírita e a Pedagogia?R: - A própria Doutrina Espírita é uma proposta pedagógica de Educação proposta pedagógica de Educação do Espírito. Kardec foi educador, não por acaso. Herdeiro de uma tradição pedagógica, recebida das mãos de Pestalozzi, seu mestre,. Que vinha desde Sócrates, foi com essa visão de educador que codificou o Espiritismo. Nada mais óbvia portanto a contribuição que a Doutrina pode dar para o campo específico pode dar para o campo específico da pedagogia, com uma visão reencarnacionista do homem.


P: - Quais são os princípios fundamentais da Educação Espírita?R: - Educação pela liberdade, Educação pela Ação e Educação pelo Amor.Esses são os três parâmetros principais da Educação Espírita. Reconhecendo que o Espírito é o ser livre, que só evolui pelas experiências concretas que realizam nas sucessivas encarnações e que o método empregado pela Providência Divina para despertar a liberdade da ação para o Bem é o método do amor, então podemos dizer que esses três princípios devem orientar qualquer prática pedagógica terrena. Trata-se de aplicar a Pedagogia Divina.

P: - Como aplicar estes princípios no processo educativo na Família, na Escola formal e na transmissão de conteúdo doutrinário no Centro Espírita?R: - Em qualquer processo pedagógico, é preciso, primeiro que entre educador e educando se estabeleça um forte vínculo afetivo. Segundo, que o educando possa agir por si mesmo, pra construir suas virtudes e seus conhecimentos. Ninguém aprende nada de ouvir falar, mas a prática. Terceiro, que cada educando seja respeitado em sua individualidade e tratado como uma consciência livre, dono de seu destino espiritual e responsável por si. O educando pode estar criança, adolescente ou jovem, mas é um Espírito antigo e imortal, herdeiro de si mesmo.
Esses princípios podem ser aplicados tanto na família, como na escola, como no centro, desde que promovamos uma Educação pelo diálogo amoroso, pela ação participativa do educando e não por uma Educação modelada na obediência passiva.

P: - Você considera que os princípios da Educação Espírita poderiam ser aplicados ,nos trabalhos de Evangelização da criança, do jovem e do adulto nas Casas Espíritas?R: - Não apenas poderiam, como deveriam. Fica claro isto pela resposta anterior. O indivíduo, no centro espírita, deveria ser tratado de maneira menos paternalista. Deveria ser ouvido, ter estímulo à participação, à interação livres. Hoje, na maioria dos centros, há uma situação semelhante à da Igreja: alguns falam, o resto escuta passivamente, dizendo assim seja no final. As crianças também devem participar, serem ouvidas. Apenas através de debates, estudos e pesquisas que a convicção espírita pode ter consciência.
Senão, ela não passará de uma catequese.

P: - Na sua opinião o emprego da arte e o uso de exemplos cotidianos (fatos familiares, acontecimentos sociais, etc) na Evangelização podem contribuir com o processo de formação do educando?R: - Todos os recursos devem ser usados. Mas sobretudo o recurso de saber qual o interesse do educando, quais as suas dúvidas, as suas cogitações, pois a partir desse fio, é possível construir o processo do conhecimento.

P: – Quais as suas sugestões para os educadores em geral, quanto à utilização destes recursos na educação formal?R: - É preciso mudar radicalmente a educação formal. Abolir a sala de aula tradicional, com mesas e carteiras enfileiradas, que já predispõem a uma instrução passiva; acabar com as aulas fragmentadas de 50 minutos, com os currículos obrigatórios e as programações rígidas.

A escola precisa de uma cara nova.
Um ambiente de natureza, de estímulo social e cultural, de uma ação mais livre e mais vital. Não adianta pôr remendo novo em pano velho.
É o que dizia Jesus. Coisa perfeitamente aplicável à necessidade de mudança na Educação.

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©2007 '' Por Elke di Barros